sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A Diva dos pés descalços



Ela parece uma personagem de alguma pintura ou escultura de algum artista moderno: nariz achatado, pele escura, corpo robusto; bem aquém das expectativas de beleza que, há algum tempo, vigoram. Quando a senhora, do alto de suas sete décadas, solta o vozeirão, entoando ritmos de seu Cabo Verde, ela então torna-se sublime e a sua beleza surge límpida, transcendental, incontestável...

Cesária Évora nasceu em Mindelo, cidade que fica na Ilha de São Vicente (a segunda mais populosa de Cabo Verde). Ainda menina, acompanhada pelo saxofone de seu irmão Lela, Cesária já fazia apresentações na praça central de sua cidade. Aos 16 anos, conheceu um marinheiro que a ensinou os principais estilos musicais de cabo-verdianos: a morna e a coladeira. A cantora fez as suas primeiras apresentações em hotéis e bares e, em pouco tempo, ganha o título de “Rainha da Morna”.

Em 1975, ano que marca a independência de Cabo Verde, Cesária decide parar de cantar, pois, mesmo famosa em seu país, a cantora ganhava muito pouco e enfrentava dificuldades para manter a sua família.

Somente em meados da década de oitenta é que a cantora, convidada por empresário cabo-verdiano para fazer apresentações em Portugal, volta a se apresentar profissionalmente.
Incentivada por um amigo francês, Cesária decide ir para Paris e, na Cidade Luz, acaba gravando o consagrado álbum La diva aux pied nus*, uma referência a maneira que Cesária costuma se apresentar: descalça!

A diva já cantou com grandes nomes da música mundial, como Salif Keita, Pedro Guerra, Chuchu Valdez, Goran Bregovic e, inclusive, Marisa Monte e Caetano Veloso.

Em 2004 a cantora recebeu o Grammy de melhor álbum mundial de música contemporânea por Voz d’Amor. Em 2007, a cantora recebeu a medalha da Legião de Honra da França, ordem máxima da nação francesa.

No final de 2009, Évora lançou o excepcional disco Nha Sentimento, mais uma grande contribuição de bom gosto à cultura mundial.
Cesária é uma daquelas grandes e impressionantes vozes que devemos ouvir, reouvir e deleitar-se sempre.





*A diva dos pés descalços.

Um comentário:

Rejane Abreu disse...

Obrigada por contribuir para divulgação da cultura mundial. Isso é muito importante para nossa geração. Ah, em tempo, por favor, visite o blog "bangalo Cult", sobre cinema, cultura e afins... Vc vai gostar. Bjssssss